Inteligência Artificial promete alavancar a produtividade industrial

Embora sejam projetadas no mesmo laboratório, os setores e inovação e indústria nem sempre andam de mãos dadas. Por mais que exista um desejo de gestores, profissionais e clientes de terem acesso a serviços e produtos de ponta, nem sempre é fácil adaptar processos fabris e lógicas de produção ao ritmo de novas tecnologias. Seja por falta de mão qualificada ou ainda a dificuldade de atrair talentos capacitados de centros universitários, a estagnação das práticas da indústria acarreta custos e gargalos em toda a cadeia em que está inserida.

Felizmente, uma pesquisa recente da consultoria Staufen apresenta um cenário menos pessimista para o aperfeiçoamento industrial do Brasil. Segundo o Perfomance Drivers 2024, realizado com 200 tomadores de decisões de países europeus, oito das dez empresas entrevistadas garantem que a inteligência artificial promoverá um salto de produtividade e eficiência neste ano.  Para Michel Feldmeth, diretor de Digital & Indústria 4.0 da consultoria, o movimento representa a colheita de décadas de investimento, desenvolvimento e treinamento tecnológico de empresas e equipes.

De acordo com o relatório, o grande responsável pelo avanço indústria é disciplina de análise de dados (DataScience), a qual permite identificar gargalos dentro de bases operacionais e sugerir mudanças para implementar melhorias. A pesquisa aponta que 66% das companhias começaram a tomar decisões apoiadas em dados, o que aumentou a precisão de políticas internas e permitiu que gestores e profissionais terem mais agilidade e certeza nas ações realizadas no dia a dia corporativo.

Na avaliação de Dário Spinola, diretor geral da companhia no Brasil, o cenário no País é semelhante ao visto no exterior. Atualmente, 95% das empresas locais dispõem de planos para integrar a IA em suas produções e mais da metade (60%) possui um programa claro (ERP) de quais soluções pretende investir, implementar e desenvolver em 2025. “A indústria brasileira tem avançado rapidamente na adoção de inteligência artificial e digitalização, e isso é essencial para a nossa competitividade global. Esse movimento não apenas impulsiona a produtividade, mas também cria uma base sólida para inovação contínua e excelência operacional no Brasil”, disse.

Parcerias entre fabricantes e desenvolvedores abrem o caminho

Um dos motores para a chegada de novas aplicações e metodologias na indústria são as alianças entre fornecedores e tecnologia (Intel, Nvidia, Oracle) e diferentes marcas como General Motors, Nestlé, Coca-Cola, WEG e tantos outros selos conhecidos pelo consumidor. Conectando recursos de ponta e práticas de tecnologia transformadas, essas parcerias permitem com que fábricas, manufaturas e demais ambientes indústrias possam escalar seus processos sem grandes reformas de infraestrutura, contrações de talentos e mudanças em sua cultura corporativa.

Uma dessa cooperações de destaque é o software IONA-XP, o primeiro software que permite que aplicações industriais de alta complexidade possam ser suportadas no sistema de containers e microsserviços, permitindo mais elasticidade e agilidade para diferentes máquinas. Fruto do trabalho conjunto entre Red Hat e Tyrell Products, a solução possibilita automatizar processos repetitivos e pouco práticos para fábricas e facilitar a implementação de novas tecnologias como a IA, IA generativa (GenAI), agregação de dados e visão computacional, funcionalidades precisam de sistemas ágeis e escaláveis para melhorar as operações de TI e OT, e explorar novas oportunidades de receita.

Na avaliação de Francis Chow, vice-presidente e gerente geral de sistemas operacionais de veículos e edge da Red Hat, a iniciativa conjunta promete transformar a maneira como a indústria idealiza seus processos: “Com o avanço da edge computing e cargas de trabalho inteligentes, o setor industrial tem passado por uma mudança para integrar melhor as operações de TI, substituindo controles industriais antigos e limitantes. A parceria visa entregar um sistema de controle de automação industrial totalmente integrado e flexível, capaz de escalar para uma grande variedade de aplicações na edge, seja na fábrica ou em edifícios inteligentes.”, concluiu.