Imagens ao estilo Ghibli levantam debates sobre tecnologia e arte humana em tempos de IA
Criadas a partir de uma nova atualização da OpenAI, as ilustrações são semelhantes às desenhadas pelo artista Hayao Miyazaki, levantando questões sobre o futuro de profissões

Por Ingrid Lacerda
O lançamento do DALL-E 3, novo gerador de imagens da OpenAI integrado ao GPT-4o, provocou uma nova trend nas redes sociais. Nas últimas semanas, usuários passaram a transformar suas fotos em ilustrações que simulam o estilo de estúdios de animações, como personagens da Pixar. Fazendo com que a estética do Studio Ghibli, proveniente da renomada produtora japonesa responsável por filmes como A Viagem de Chihiro (2001) e O Menino e a Garça (2023), bombasse entre usuários.
Por outro lado, a febre das ilustrações Ghibli retomou o debate sobre os limites éticos e legais da inteligência artificial na arte. Para muitos usuários das redes sociais, utilizar IA para replicar o estilo “Ghibli” contradiz os valores de seus cofundador e diretor, Hayao Miyazaki. O artista é um crítico declarado da inteligência artificial e, em 2016, declarou sua aversão a essas plataformas: “Eu não consigo assistir a essa coisa e achá-la interessante. Quem cria essas coisas não tem ideia do que significa dor. Eu estou completamente enojado. Se você realmente quer fazer coisas assustadoras, pode ir em frente e fazer. Eu nunca desejaria incorporar essa tecnologia no meu trabalho”, disse ele a um canal japonês.
A estética foi apropriada até por entidades como a Casa Branca, as Forças Armadas de Israel e a Polícia Militar de São Paulo, provocando reações adversas, uma vez que essas instituições contrastam com os valores pacifistas e ambientalistas que Hayao defende.
Infelizmente, essa discussão é apenas uma parte de um contexto mais amplo a respeito do embate entre o uso da IA para criação artística. Em outubro de 2024, mais de 10 mil artistas internacionais, incluindo nomes como Kevin Bacon, Julianne Moore e Thom Yorke, assinaram uma carta aberta contra o uso não autorizado de obras criativas no treinamento de modelos de inteligência artificial. Mesmo com a iniciativa, em março de 2025, mais de 400 cineastas, escritores, atores e músicos pressionaram o Governo dos Estados Unidos a rever políticas que permitem o uso de conteúdo protegido por direitos autorais sem consentimento ou compensação. No Brasil, um projeto de lei aprovado no Senado e, atualmente em tramitação na Câmara, busca regulamentar o uso de IA, garantindo remuneração para criadores de obras utilizadas em datasets.
Além disso, ilustradores, designers 3D, fotógrafos e etc criaram a UNIDAD, União Democrática dos Artistas Digitais, com fins de combater a precarização acelerada pela IA. O grupo denuncia as BigTechs que usam obras de artistas sem consentimento para treinar IAs, explorando mão de obra sem remuneração ou compensação – enquanto o mercado de trabalho criativo diminui.
Mais do que violações morais e autorais, esse sistema reproduz ainda danos ambientais. De acordo com um estudo publicado no final de março pela Universidade do Colorado Riverside e pela Universidade do Texas Arlington, o ChatGPT consome até 500 ml de água para cada 20 a 50 perguntas que responde, uma quantidade equivalente à quantidade consumida para cada imagem gerada. A própria OpenAI declarou que em apenas uma hora do lançamento da nova ferramenta, 1 milhão de novos usuários entraram na plataforma e 3 milhões de imagens foram criadas em um único dia, consumindo centenas de milhares de metros cúbicos de água.
Frente a tudo isso, artistas e defensores da arte humana têm se mobilizado, exigindo mais conscientização e políticas de proteção ao trabalho artístico. Com o avanço da tecnologia, é essencial encontrar um equilíbrio entre automação e respeito pelos direitos dos artistas, garantindo que as IAs sejam usadas com responsabilidade.
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