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“Hoje o grande desafio é saber quando é necessário o toque humano”, diz liderança sobre o uso da IA no marketing

Em entrevista exclusiva ao IAIH, Bruno Camargo, Diretor de Delivery da Everymind, avalia o cenário brasileiro na aplicação da tecnologia e aponta as tendências na área para os próximos anos

Por: André Vieira

Desde 2023, a IA tem transformado a maneira como produzimos textos, pensamos imagens e assistimos vídeos, mas agora a tecnologia também está transformando diversos setores ligados ao consumo, de olho em conquistar diferentes públicos, cada vez mais impacientes por novidades. Seja no atacado, no varejo ou ainda no reposicionamento de marcas, o campo do marketing, sobretudo para o meio digital, vem derrubando paradigmas e renovado o interesse de gestores em vista do crescimento acelerado e orgânico entre bolhas algorítmicas de plataformas. 

“A busca por um marketing mais responsável e autêntico, baseado em transparência e propósito, será um diferencial competitivo. Os novos consumidores buscam marcas que foquem no impacto real que geram em suas vidas”, afirmou Bruno Camargo, Diretor de Delivery da Everymind, empresa líder e referência em implementações da Salesforce acelerando a estratégia corporativa. 

Em entrevista exclusiva ao portal IAIH, o executivo avaliou o papel da tecnologia na reconfiguração dos setores de marketing, apontou qual deve ser o planejamento ideal para organizações adotarem a prática, e debateu os limites da automação de ferramentas e tarefas na Era da IA.

Confira os melhores trechos da entrevista a seguir. 

IAIH: Nesse contexto de tendências efêmeras, qual deve ser o posicionamento de setores de marketing? Como conciliar planejamentos de médio e longos prazos se há sempre incertezas no horizonte?

Bruno Camargo: No cenário de hoje, o marketing precisa operar em dois horizontes: o curto prazo, orientado por dados e com uma reação rápida às tendências, e a longo prazo, guiado por propósito, marca e relacionamento com clientes.

 A chave está na adoção de um mindset de experimentação contínua, onde a IA e análise de dados ajudam a detectar padrões emergentes e prever mudanças antes que se consolidem. 

A flexibilidade é essencial. Marcas que souberem se adaptar rapidamente sem perder sua identidade terão uma vantagem competitiva duradoura. O planejamento deve ser dinâmico, permitindo manobras constantes baseados em performance e comportamento do consumidor.

Com a consolidação das ferramentas e metodologias de IA, qual abordagem deve ser adotada pelos gestores da área? 

Os gestores precisam equilibrar eficiência e criatividade. A IA deve ser incorporada, automatizando processos repetitivos e liberando os times para decisões mais estratégicas e criativas. Também é essencial que líderes invistam na capacitação da equipe, garantindo que sejam capazes de interpretar os insights gerados pela IA de maneira crítica e eficaz.

 Mas um dos pontos mais importantes é criar uma cultura organizacional que valorize a experimentação e a inovação contínua, incentivando os times a testarem novas abordagens sem medo de errar. A colaboração entre diferentes áreas da empresa é um fator decisivo para o sucesso.

Um ponto que merece atenção é a governança da IA no marketing. Como equilibramos automação e ética? Como garantir que os algoritmos não reforcem vieses? 

Empresas que dominarem esse aspecto garantirão não apenas eficiência, mas também confiabilidade e relevância para o consumidor. Além disso, é importante que as empresas desenvolvam uma abordagem mais educativa para os consumidores, explicando como suas tecnologias funcionam e de que forma seus dados estão sendo utilizados. Transparência e ética serão diferenciais fundamentais para o sucesso a longo prazo.

"Empresas que conseguirem equilibrar essa balança de eficiência tecnológica com calor humano criarão experiências mais memoráveis e têm maior possibilidade de fidelizar os clientes", diz Bruno Camargo, Diretor de Delivery da Everymind.

Atualmente, consumidores estão ávidos por novidades proporcionadas pela tecnologia. Frente a esse cenário de crescentes demandas, como organizações devem pensar nas interações com internautas? 

 A hiperpersonalização não é mais um diferencial, é uma necessidade que as empresas estão lidando e enfrentando bastante dificuldade para implementar. Empresas precisam investir em dados de qualidade e em sistemas que permitam experiências fluidas e preditivas.

No entanto, é crucial manter um equilíbrio entre automação e humanização, garantindo que a tecnologia reforce o relacionamento com o cliente, ao invés de torná-lo impessoal. O foco deve estar em criar interações significativas, onde o consumidor sinta que as marcas realmente entendem suas necessidades. 

Por mais que a IA ainda esteja engatinhando, várias organizações começaram a implementar soluções que substituem a mão de obra humana. No seu entender, em que ponto estamos na corrida pela inteligência artificial?   

Vejo que hoje estamos em um estágio de adoção acelerada, mas com desafios estruturais como acesso a dados qualificados e capacitação de mão de obra. O Brasil ainda tem um caminho a percorrer em termos de integração e maturidade das soluções, mas setores como financeiro, saúde e varejo já demonstram avanços significativos. 

O grande desafio será democratizar o acesso às tecnologias de IA para empresas de diferentes portes, garantindo que pequenas e médias empresas também possam se beneficiar dessas inovações. Além disso, políticas públicas e regulamentações precisarão acompanhar essa evolução para garantir um uso ético e eficiente.

Como as habilidades humanas podem ser um diferencial em um mundo de IAs? O atendimento personalizado ganha destaque em meio ao enxame de chatbots? 

Habilidades como pensamento crítico, criatividade e, principalmente, empatia serão diferenciais. O atendimento personalizado se destaca quando une automação inteligente com toque humano. Os chatbots podem resolver demandas rápidas, mas a intervenção humana ainda é essencial para criar conexões reais e resolver situações mais complexas.

 O grande diferencial será a capacidade das marcas de entenderem quando é necessário um toque humano e quando a automação pode ser suficiente. Empresas que conseguirem equilibrar essa balança de eficiência tecnológica com calor humano criarão experiências mais memoráveis e têm maior possibilidade de fidelizar os clientes.

Na sua avaliação, quais são as habilidades indispensáveis para novos talentos e profissionais experientes da área de marketing nessa nova era da IA? 

Os profissionais de marketing precisarão dominar análise de dados, automação e storytelling baseado em insights. Para os mais experientes, a adaptação contínua é essencial, combinando experiência de mercado com novas abordagens tecnológicas. Soft skills, como liderança e colaboração, também serão cada vez mais valorizadas. 

Além disso, será fundamental que os profissionais saibam ler e traduzir dados complexos em estratégias acionáveis. A capacidade de aprendizado contínuo será uma habilidade indispensável para se manter relevante no mercado.

Por fim, quais serão os temas mais relevantes para o setor de marketing em 2025?

A hiperpersonalização, a privacidade de dados e a integração de IA generativa nos fluxos de trabalho são temas centrais. Além disso, a busca por um marketing mais responsável e autêntico, baseado em transparência e propósito, será um diferencial competitivo.

 Outra tendência forte será a ascensão da economia da atenção, onde marcas precisarão ser ainda mais criativas para capturar e manter o interesse do público em meio ao excesso de informação. Os novos consumidores buscam marcas que foquem no impacto real que geram em suas vidas.

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