Brasil é segundo país com mais crimes digitais, aponta pesquisa

Entre janeiro e setembro de 2023, mais de 80 mil brasileiros foram vítimas de golpes financeiros dentro de sites ou aplicativos

Mensagens de texto premiadas, WhatsApp com ofertas de emprego irrecusáveis, anúncios bons demais para serem verdade. Essas são as formas mais tradicionais que mais de 80 mil brasileiros foram enganados nos últimos meses. De acordo com um estudo conjunto feito pelas empresas AllowMe, Icarros Itaú, Olx, Único e Zoom, golpes envolvendo a venda ou compra de produtos já somam mais de R$ 500 milhões em prejuízos para as vítimas e têm previsão de piorarem com a chegada do fim do ano.

Apesar de o número total de fraudes ter sido 36% menor do que no ano passado, o Brasil segue sendo o segundo país com mais fraudes digitais no mundo, atrás do México. Ainda segundo a pesquisa, homens de até 31 anos foram as principais vítimas de golpes digitais (74%), que envolvem desde anúncios falsos, senhas fáceis de serem descobertas e até pagamentos falsos. Essa última modalidade representa mais da metade (54%) das ocorrências registradas ocorre quando o golpista envia o comprovante de pagamento e o cliente realiza o pagamento achando que irá receber o produto.

Segundo pesquisadores, o período da Covid-19 foi um dos grandes responsáveis pela migração em massa para o ambiente virtual e, consequentemente, do aumento de ocorrências criminosas nesses espaços. Um demonstrativo dessa tendência é que além de golpes, o País também teve um crescimento na quantidade de ocorrências de estelionato, segundo dados do Anuário da Segurança Pública esses crimes aumentaram 65%.

Selo antirroubo: o futuro para o e-commerce?

Em meio à disparada de golpes virtuais, instituições e empresas vêm desenvolvendo certificações e selos de qualidade que protegem fregueses de eventuais surpresas na hora de fechar o carrinho digital. Uma dessas iniciativas é o Selo de Prevenção Contra Fraudes, idealizado pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Trata-se de um atestado de segurança para a autenticação de compras que estará disponível até o fim do ano.

Na avaliação de Adriano Volpini, diretor do Comitê executivo de prevenção da Febraban, em uma entrevista ao Jornal O Globo, o selo transmitirá garantia ao consumidor de forma ágil e intuitiva. “De forma bem visual, os clientes vão perceber [o selo] dentro do site e então tomarão a decisão de seguir em frente com a compra.”, disse o executivo.

Além de órgãos econômicos, empresas do segmento de luxo também têm investido em iniciativas próprias para detectar fraudes e auxiliar o consumidor. Recentemente, grifes globais como do grupo LVMH (Louis Vuitton, Tiffany & Co. e Dior), Prada, OTB (Martin Margiela e Diesel) e Richemont (Cartier) apostaram na adoção de Blockchain e tecnologia de Inteligência Artificial e Machine Learning (AI/ML) para a detecção de fraudes, produtos pirateados ou qualquer falsificação dentro do escopo de mercado da moda, que envolve mercadorias de segunda mão.

Por meio do Consórcio Aura Blockchain, criado em 2021, as marcas pretendem fiscalizar bolsas, sapatos, casacos e demais peças de vestuário que movimentam um mercado de cerca de US$ 31,1 bilhões ao redor do mundo. O projeto envolve a criação de NFTs (os tais tokens não fundíveis) para controlar a localização e autenticidade dos produtos e, de quebra, ainda mantém dados sigilosos das companhias protegidos entre si.  

A febre dos NFTs arrefeceu nos últimos meses, devido à denúncia relacionando a prática com atividades ilegais ao redor do mundo. Seria uma redenção para as figurinhas de macaquinho e celebridades? Só o tempo dirá.