Vaticano publica nota alertando sobre a “divinização” da inteligência artificial
Antiqua et Nova reflete sobre o papel da humanidade na produção de conhecimento e enfatiza que os sistemas devem complementar a inteligência humana

Por Ingrid Lacerda
Nas últimas semanas, o Vaticano publicou a nota "Antiqua et Nova", que explora a relação entre a inteligência artificial e os humanos. O comunicado também enfatiza que a IA deve ser usada apenas como um instrumento complementar à inteligência humana, sem glorificar as ferramentas ou substituir as conexões humanas.
Desenvolvido pelo Dicastério para a Doutrina da Fé, instituição de Cultura e a Educação do estado papal, o documento foi aprovado pessoalmente pelo Papa Francisco e se dirige a educadores da fé, indivíduos com cargos em igrejas, pesquisadores e cientistas. O texto enfatiza a necessidade de um desenvolvimento tecnológico que sirva ao bem comum, assim como aborda os desafios e oportunidades da IA em diversas áreas, como educação, economia, saúde, relações internacionais e guerras.
O informativo Antiqua et Nova tem como um dos seus temas centrais, a guerra. No comunicado, Papa Francisco reforça o apelo pela proibição de armas nocivas, já que são capazes de decidir livremente sobre a vida e a morte, além de alertar que o uso desses sistemas podem oferecer mais poder destrutivo aos conflitos. Ademais, em outras áreas, a nota evidencia que apesar das vantagens, as IAs apresentam desafios e riscos que precisam ser gerenciados. Na saúde, em diagnósticos e tratamentos, as ferramentas podem apresentar eficiência, mas não devem substituir a relação médico-paciente; na educação, a tecnologia pode democratizar o acesso aos estudos, mas seu uso inadequado leva à perda do pensamento crítico; e no mercado de trabalho, as ferramentas impulsionam a produtividade, mas ameaçam empregos e limitam a criatividade de profissionais.
O texto ainda adverte que a IA consome energia e recursos de maneira abusiva, impactando o meio ambiente. Na espiritualidade, a "Antiqua et Nova" lembra que substituir Deus por uma criação humana é fanatismo, ressaltando que a tecnologia deve ser apenas um instrumento e que como toda ferramenta deve servir ao homem, e não o contrário. "Antiqua et Nova" ainda destaca que o verdadeiro valor da tecnologia está em seu uso consciente, respeitando a dignidade humana e a relação do homem com Deus.
Ao discutir sobre a inteligência artificial, a nota expõe a importância de usá-la como uma extensão de serviço da humanidade, reforça a necessidade de um desenvolvimento tecnológico ético e sustentável, que considere os impactos sociais, ambientais e espirituais: convidando-nos a refletir sobre o papel da inteligência artificial no futuro para garantir que sirva ao bem comum e não a interesses que possam ameaçar os valores humanos.
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