Anúncio de ChatGPT chinês faz BigTechs norte-americanas perderem US$ 1 trilhão em valor de mercado

O mercado de apostas de IA tombou na última terça-feira (27), após o lançamento do modelo chinês de Inteligência Artificial. O Deepseek, startup controlada pelo governo de Pequim, apresenta um modelo de processamento semelhante ao concorrente da OpenAI, ChatGPT, com a diferença de ser mais barato, flexível e transparente. A chegada da plataforma no AppleStore e GooglePlay fez com que as ações das BigTechs norte-americanas derreterem. 

Estimativas realizadas pela Bloomberg e pelo jornal Financial Times indicam que o tombo foi de US$ 1 trilhão, em especial para grandes companhias de tecnologia como Meta (Facebok, WhatsApp), Microsoft e Alphabet (Google). O maior prejuízo do dia, no entanto, aconteceu com a Nvidia, fabricante de chips e semicondutores de IA. A queridinha de Wall Street perdeu US$ 620 bilhões no valor de seus papéis (cerca de R$ 3,5 trilhões), um pouco mais de 18% de sua valuation internacional. O derretimento supera a queda vista em 3 de setembro do ano passado, quando a companhia perdeu US$ 279 bilhões.

Além de mais rápida, econômica e eficaz do que seus rivais norte-americanos, a solução da startup chinesa se mostrou mais transparente, disponibilizando um guia com o passo a passo sobre como seus algoritmos funcionam e quais fontes são utilizadas para responder perguntas.

A chave para seu reconhecimento pelo mercado é o uso do modelo DeepSeek-V3, o qual utilizou tecnologia dos chips H800 Nvidia para treinamento, investindo menos de US$ 6 milhões, uma fração do que as gigantes de tecnologia gastam para treinar modelos menos eficazes e, muitas vezes, imprecisos. Ademais, junta-se a um movimento de desconfiança do mercado a respeito da perenidade das gigantes de tecnologia de apresentarem lucros exorbitantes a seus acionistas. Além da Nvidia, outras corporações de peso como Oracle e Intel começam a demonstrar que o otimismo vivido com a IA é, no fundo, uma bolha especulativa.  

Ainda que se saiba pouco sobre a credibilidade da pequena startup chinesa, baseada em Hangzhou, e até que ponto o país terá controle sobre as ações da DeepSeek, seja em termos tecnológicos ou de moderação de conteúdo. De toda forma, a plataforma apresenta-se como uma alternativa às plataformas tradicionais das BigTechs como assistentes digitais para analisar dados, traduzir textos e escrever códigos. Por ora é cedo para dizer que a solução representará mais um embate no debate político entre Donald Trump e o governo de Xi Jinping.