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A Inteligência Artificial é um agente e não uma ferramenta”, afirma o Yuval Harari em seu novo livro

Em Nexus: uma breve história das redes de informação da Idade da Pedra à inteligência artificial, historiador e filósofo analisa o impacto da informação no desenvolvimento humano À primeira vista, qual seria a semelhança de e-mail marketing sobre os pacotes de beleza e as longas conversas entre lavadeiras à beira do Rio Tibre, cerca de […]

Por: André Vieira

Em Nexus: uma breve história das redes de informação da Idade da Pedra à inteligência artificial, historiador e filósofo analisa o impacto da informação no desenvolvimento humano

À primeira vista, qual seria a semelhança de e-mail marketing sobre os pacotes de beleza e as longas conversas entre lavadeiras à beira do Rio Tibre, cerca de 2.500 anos antes de Cristo? Provavelmente, nenhuma. Mas com um olhar mais atento, poderíamos notar que a matéria-prima para comunicar um novo procedimento estético e atualizar-se sobre as fofocas e intrigas do povoado se resume à mesma substância: a troca de informações e a busca por conexões.

Nessas e em outras premissas que se baseia a mais nova obra do historiador e filósofo Yuval Harari, famoso autor do best-seller Sapiens e um dos críticos mais ferozes dos avanços da Inteligência Artificial. Na obra Nexus: uma breve história das redes de informação da Idade da Pedra à inteligência artificial, o escritor traça um panorama sobre quais tipos de vínculo e associação o desenvolvimento da comunicação trouxe à humanidade e como a IA representa uma revolução, sem precedentes, na maneira como pensamos, interagirmos e esperamos da tecnologia. 

Para Harari, a Inteligência Artificial supera qualquer tipo de invenção anterior, porque é a primeira do seu tipo: extrapola a posição de uma mera ferramenta na mão da humanidade e se torna um agente para a transformação do mundo, seja para o bem ou para o mal. “Metralhadoras e bombas atômicas substituíram músculos humanos ao matar, mas são incapazes de substituir cérebros humanos ao decidir quem matar. Mesmo a arma mais mortífera não se compara ao potencial destrutivo dessa tecnologia”, escreveu.

A possibilidade de agir de maneira autônoma e tomar decisões sem medir o peso de suas ações faz com que a IA se torne temerária: pela primeira vez, o poder decisório não está mais nas mãos de seres humanos. E pior, empresas detentoras de modelos de tecnologia são refratárias a qualquer tipo de legislação ou controle sobre a maneira como a inteligência artificial é desenvolvida. “Quando companhias automobilísticas desenvolvem carros, fabricantes precisam investir grandes quantias para garantir a segurança de veículos. Para desenvolver medicamentos, a indústria farmacêutica também deve fazer algo semelhante, não se pode fazer vacinas ou qualquer outro tipo de fármaco sem medidas de proteção, isso não é permitido na medicina. Então, por que com a inteligência artificial somos tão passivos com nosso bem-estar?”, disse em uma entrevista ao Bial.

Tecnologias mais surpreendentes, relacionamentos mais distantes

De forma concreta, Harari comenta que a chave para entender o sucesso da IA reside no aumento de nossa crença nos processos e produtos de tecnologia e na descrença de processos de comunicação tradicionais. Tomada pela clivagem política e discursos totalitários ao redor do mundo, a humanidade, no entender do autor, caminha para um processo de polarização eminente em que a confiança no outro se tornou uma batalha campal por quem detém o monopólio da verdade, a exemplo dos regimes totalitários de Mussolini, Hitler e Stalin.

Nessa toada, acredita que é possível encontrar um meio termo para utilizar a Inteligência Artificial a nosso favor. “É possível que encontremos um jeito de manter a IA sob controle e de empregá-la em benefício da humanidade. Mas precisamos passar por outro ciclo de impérios globais, regimes totalitários e guerras mundiais para entender como usá-la para o bem? Como as tecnologias do século XXI são muito mais poderosas – e, potencialmente, mais destrutivas – do que as do século XX, nossa margem de erro é menor.”, concluiu.

Serviço

Livro: Nexus: uma breve história das redes de informação da Idade da Pedra à inteligência artificial

Editora: Companhia das Letras

Capa: Divulgação

Preço: R$ 89,90/39,90

Link: Acesse

4 cometários

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