Paris 2024: Inteligência Artificial divide as atenções do espetáculo

Tecnologia traz novidades no acompanhamento de atletas, para a segurança e monitoramento de público e inova no formato de transmissões

A cada quatro anos, o mundo inteiro se reúne para acompanhar o maior esportivo contemporâneo, as Olimpíadas de Verão. Na edição de Paris 2024, em meio ao concerto das nações, as atrações culturais e as quebras de recordes, outro protagonista divide a atenção do público: a Inteligência Artificial.

Anunciada pelo Comitê Olímpico Internacional em abril, a Agenda Olímpica de IA trata de um compromisso firmado pelo órgão para implementar ferramentas tecnológicas em cinco eixos: suporte a atletas, fair play e segurança desportiva; igualdade de acesso à tecnologia; benefícios de sustentabilidade; aumento da participação do público e aperfeiçoamento das ferramentas de gestão do COI.

Entre os avanços disponibilizados pela tecnologia, sem dúvida, aquele que tem o impacto imediato para torcedores será na produção de cortes, transcrições e traduções, em tempo real, em canais de transmissões. Na babel de nações, línguas e informações dos jogos, a Inteligência Artificial ajudará jornalistas e produtores de televisão a organizar conteúdos e viabilizar imagens para programas de maneira mais ágil e inteligente. Inclusive, a própria emissora das Olimpíadas, a Olympic Broadcasting Services (OBS) vai gerar os destaques e distribuir materiais personalizados para diversos países.

Imagem: Gerada por Inteligência Artificial.

Uma das empresas que largou na frente na transmissão olímpica utilizando IA foram os estúdios Globo, localizados no centro da Torre Eiffel. O projeto para utilizar a tecnologia levou dois anos para ficar pronto e utilizou técnicas de Machine Learning (aprendizado de máquina) e câmera especiais para capturar frames inéditos e transformar imagens em tempo real. Assim como a maioria das emissoras, todas as transmissões possuem resolução 8K e no caso do canal americano NBC, norte-americanos podem escolher os conteúdos que mais se interessarem dentro da programação das Olimpíadas e pedir para que o apresentador criado por IA, AI Michel, faça a seleção personalizada.

Outra novidade proporcionada pelo acompanhamento constante das câmeras é a captação de dados biométricos de atletas em mais de 20 modalidades, o que traz outro ângulo para apreciar o espetáculo e se apresenta como um recurso valioso para competidores analisarem suas performances e até evitar futuras lesões. Além disso, nas provas de canoagem, maratona, marcha atlética, ciclismo de estrada, mountain bike, maratona aquática, remo, vela e triatlo haverá o rastreamento dos movimentos de cada concorrente que será transformado em gráficos acessíveis para o público.

A Inteligência Artificial também tem sido fundamental para aumentar a segurança dos espectadores e dos atletas durante os dias de competição. Em uma Paris completamente tomada pelos jogos, o COI e a prefeitura parisiense introduziram um robusto sistema de monitoramento para controlar o tráfego de pessoas e orientar a logística dos esportes. Utilizando câmeras treinadas para prevenir ameaças e facilitar o fluxo de turistas, por meio de um aplicativo de IA do Ministério dos Transportes, o governo francês avalia que a contenção de riscos é a melhor maneira de reduzir danos e evitar problemas comuns durante o evento olímpico.

Finalmente, por meio de uma plataforma multilíngue, a IA também auxiliará atletas para acessar resultados esportivos, testes antidoping e sanar dúvidas em tempo real. Além disso, a tecnologia está monitorando, detectando e bloqueando posts tóxicos e ofensas a atletas e autoridades do evento nas redes sociais a partir de um algoritmo próprio que consegue determinar e avaliar a mensagem e o tom que mensagem foram direcionadas.

Se para nós o espetáculo dos Jogos Olímpicos terminará em agosto, por outro, Paris sempre terá a IA.