A Inteligência Artificial é a chave para semanas mais curtas

Iniciado em 2023, o movimento 4-Day Week deslumbra reduzir as jornadas profissionais por meio do aumento de produtividade em empresas

Ligar o computador quatro vezes e receber por cinco. Este é o sonho moderno de vários profissionais nos últimos e que cada vez mais está próximo de se tornar realidade. No ano passado, 22 empresas brasileiras aderiram à filosofia desenvolvida na Nova Zelândia em 2019 que prevê aumentar a produtividade no escritório em detrimento de uma jornada completa de trabalho. No cenário atual, o movimento conta com mais de 500 organizações e potencialmente terá mais algumas centenas nos meses próximos, com ajuda da Inteligência Artificial (IA).

Segundo um levantamento recente do portal britânico Tech.io, a tecnologia preditiva pode ser a chave para um dia extra de folga. O relatório 2024 Impact of Technology on the Workplace ouviu mais de mil tomadores de decisões norte-americanos sobre o uso de ferramentas e aplicativos de Inteligência Artificial e chegou a conclusões sobre o potencial de produtividade em empresas. De acordo com os pesquisadores, 29% das organizações com quatro jornadas de trabalho semanais utilizam a IA para automatizar processos e agilizar operações. Em comparação, apenas 8% dos entrevistados que mantêm a semana tradicional fazem uso dessa solução.  

Ainda segundo o estudo, 93% das empresas que incorporaram ferramentas e metodologias ligadas à Inteligência Artificial dizem que caminham para reduzir a semana de cinco dias, tendo em vista o ganho de produtividade no escritório. Em outras palavras, a adoção da IA é o primeiro passo para viabilizar a prática no ambiente profissional e fundamentar uma cultura de bem-estar global.

“Observamos uma qualidade alta nos momentos de entrega, aliada a um ótimo retorno na satisfação de clientes e funcionários”, conta Abb-d Taiyo, fundador e gerente da agência de design digital Driftime ao BBC NEWS. Para ele, a chegada da Inteligência Artificial trouxe precisão e flexibilidade para o seu negócio, economizando tempo em tarefas que antes eram lentas e exigiam muito pouco da criatividade dos profissionais. “A saúde e a felicidade da equipe têm correlação direta com o alto padrão de trabalho produzido”, completa.

O caminho da transformação também envolve valores

Sem dúvidas, novas ferramentas estão pavimentando o caminho para empresas mais produtivas e, consequentemente, a redução da carga horária em algumas empresas, no entanto, não será a tecnologia sozinha a grande responsável por essa mudança. Transformações nos valores e na cultura de empresas são igualmente necessárias para consolidar essa mentalidade, é o que acredita a professora de gestão e recursos humanos, Na Fu, docente da Trinity Business School, na Irlanda.

Segundo a pesquisadora, o caminho para a redução da jornada em companhias é abraçar a inovação organizacional e capacitar profissionais. “Estar aberto para estruturas de trabalho inovadoras, para fazer experiências e, o mais importante, ter uma cultura baseada em altos níveis de confiança são pontos importantes para adotar a semana de trabalho de quatro dias com sucesso. No entanto, também é fundamental formar talentos. Em vez de se tornar meros servidores ou cuidadores de máquinas, trabalhadores precisam desenvolver novas técnicas que possam promover, complementar e comandar a IA, alcançando resultados melhores”, explica.

Certamente, essas mudanças ainda levaram algum tempo e nem todos os setores se beneficiaram delas da mesma maneira. De toda forma, como conta Na Fu, se os quadros executivos não aderirem à prática, nada sairá do lugar. No fim de 2023, empresas globais como a JPMorgan Chase & CO declararam, no futuro, nossos filhos viverão 100 anos e trabalharão três dias e meio. Só o tempo dirá se isso é verdade ou apenas mais um discurso vazio.