Biografias falaciosas, com o uso da Inteligência Artificial, começam a parecer no mercado
Obras póstumas de nomes conhecidos pelo público americano como Toby Keith, Joseph Lelyveld e Henry Kissinger invadiram a Amazon No começo de 2024, Joseph Lelyveld, vencedor do Prêmio Pulitzer e um dos mais renomados editores do The New York Times, teve complicações com a doença de Parkinson e faleceu aos 86 anos. Curioso pelo legado […]

Obras póstumas de nomes conhecidos pelo público americano como Toby Keith, Joseph Lelyveld e Henry Kissinger invadiram a Amazon
No começo de 2024, Joseph Lelyveld, vencedor do Prêmio Pulitzer e um dos mais renomados editores do The New York Times, teve complicações com a doença de Parkinson e faleceu aos 86 anos. Curioso pelo legado fraterno, Michael Lelyveld começou a fazer buscas pela internet para entender como o mundo iria lembrar de Joseph. Entre as procuras, Michael se deparou com algo inédito: meia dúzia de biografias publicadas na Amazon a respeito da história irmão, algumas disponíveis no mesmo dia de sua a morte.
Segundo Michael, que se dispôs a ler algumas introduções, a maioria dos livros continham inverdades, desde as passagens de Joseph como correspondente no Vietnã e no Cairo até o fato de seu irmão ter sido um fumante inveterado. Para Lelyveld, as biografias só servem para um propósito, “lucrar nossa dor”.
Infelizmente, essas não foram as primeiras publicações no formato. De acordo com o jornal The New York Times, nos últimos meses um novo subgênero começou a ganhar fôlego no mercado editorial, o de biografias produzidas por Inteligência Artificial (IA). Curtas, mal escritas e com erros factuais gritantes, estes textos se notabilizam por serem encontrados na biblioteca na Amazon. Custando menos de US$ 4, ou cerca de R$ 20, algumas obras trazem algumas peculiaridades em seus prefácios, como na obra biográfica de Toby Keith, astro country: “qualquer semelhança com pessoas reais é mera coincidência”.

“É estatisticamente impossível que tenham sido escritos por humanos”
Grandes nomes da televisão, política e do cinema americano como Tom Smothers, Chita Rivera e Henry Kissinger despontam como bibliografáveis desse novo gênero de centavos. Segundo Edward Tian, fundador do GPTZero, programa que detecta o uso da IA dentro de arquivos de texto, cerca de 97% de todo o conteúdo presente nesses livros é obra do ChatGPT ou outras ferramentas generativas. “[Da maneira como essas obras aparecem no mercado] é estatisticamente impossível que eles tenham sido escritos por humanos”, explica.
Com livros tão baratos, seria difícil tornar a ofício de “gerador de livros” lucrativo, no entanto, por terem um custo de produção próximo a zero e um volume de vendas relativamente elevado, o esforço de vender “biografias ruins” compensa. Bettie Melton, autor listado na Amazon, publica entre 4 a 6 obras mensalmente, que não apenas tratam de biografados póstumos, incluem pessoas vivíssimas como o treinador de futebol norte-americano Bill Belichick.
O guia de diretrizes do Kindle, dentro da Amazon, obriga autores, editores e empresas terceiras a informarem se a IA foi utilizada na produção editorial. A princípio, a porta-voz da empresa, Lindsay Hamilton, contou que a Plataforma permite a venda de obras que usem a Inteligência Artificial generativa, salvo quando empobrecem a experiência do cliente e bota a credibilidade da corporação em jogo. Por outro lado, quando o The New York Times a alertou sobre a proliferação de “biografias instantâneas” no marketplace, a maioria desses conteúdos foi removida do dia pra noite.
Ainda que a Amazon tenha agido, quando provocada, nem tudo foi resolvido. Vários autores como Lori M. Graff, tida como a escritora da biografia generativa de Joseph Lelyveld, continua sendo Bestseller no subgênero IA.
binance
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