Inteligência Artificial vem transformando a academia latino-americana

Segundo levantamento, universidades e faculdades têm criado cursos, financiado programas e até promover certificações internacionais de IA

Definitivamente a Inteligência Artificial (IA) é mais do que uma febre passageira na vida de estudantes e profissionais recém-formados. No último ano, instituições de ensino na Costa Rica, México, Brasil, Argentina e Uruguai aumentaram a oferta de cursos e graduações baseadas em IA. É que aponta uma pesquisa do Grupo de Diários (América), uma rede internacional de meio de comunicação que promove a liberdade de expressão em toda a América Latina. Segundo a agência, o ritmo das transformações varia de acordo com o país e área de atuação, no entanto o uso frequente da tecnologia já alterou a maneira como cidadãos a percebem.

Na Argentina, Colômbia, Chile e México, o meio acadêmico foi fortemente impactado pela chegada da IA e suas novas disciplinas de trabalho, como IA generativa, Modelos de Linguagens (LLMs, em inglês) e a interface com o Machine Learning (Aprendizado de Máquina). No entanto, as atenções da tecnologia não ficaram reservadas às universidades. Na Costa Rica, um hospital inaugurou um setor de realidade aumentada, no Brasil centros de pesquisa aplicada nas áreas de computação e informática criaram aplicativos e softwares e na Costa Rica uma startup desenvolveu um drone que recolhe resíduos do mar, auxiliando o ecossistema marinho.

Inovações democratizam interesses

De acordo com a diretora do departamento de Matemática Externato de Colômbia, Constanza García em entrevista para o site La Prensa Gráfica, o maior obstáculo da universidade é traduzir ao público que a utilização de novas tecnologias, como a IA, vieram para ficar:  “É importante desmistificar muitos temas, é preciso capacitar, ensinar e sensibilizar pra fazer o uso adequado dessas ferramentas no dia a dia”, disse. Atualmente, o país caribenho é um dos líderes de estudos na região, com mais de 18 programas ou cursos ligados à Inteligência Artificial. Para se ter uma ideia da popularidade da tecnologia, em 2022, o Centro de Inteligência Artificial Robótica AudacIA foi reconhecido pela Organização dos Estados Americanos (OEA) como polo produtivo.

Já na República Dominicana, há ao menos 54 salas de aulas inteligentes que permitem que alunos interajam com o conteúdo das aulas de forma imersiva e descontraída. O mesmo país tem exercido liderança nos estudos de mestrado e doutorado com a tecnologia, seguidos por Chile e o México, localidades em que até o fim do ano serão apresentados cursos de doutoramento em IA. No entanto, os benefícios não param por aí: desde chatbots até ferramentas de LLM têm facilitado o dia a dia acadêmico para estudantes e docentes.

Preocupações éticas

Apesar das inúmeras vantagens de produtividade e benefícios de aprendizado que ferramentas de ponta proporcionam a faculdades, recentemente, o foco dessas instituições também é capacitar usuários e conscientizar cidadãos sobre o mal uso de soluções de Inteligência Artificial. Na Universidade de Buenos Aires, por exemplo, em 2023 foi desenvolvido um curso para mais de 1.400 docentes com enfoque na formação técnica e compreensão ética da IA. 

Para Sadoth Giraldo Acosta, professor colombiano do departamento de tecnologia da Universidade Ean, infringir direitos autorais e automatizar trabalhos acadêmicos estão entre as principais preocupações acadêmicas no momento. “É necessário ensinar aos alunos o uso e as utilidades que existem, mas também a responsabilidade de cuidado e uso adequado dessas ferramentas”, disse.