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Adoção da inteligência artificial na indústria brasileira mais do que dobrou nos últimos dois anos, afirma IBGE

Segundo o instituto, a eficácia, a flexibilidade e a melhora no relacionamento com clientes foram os principais benefícios apontados na implementação da IA

Por: André Vieira

Foto: CC| freepik

No último ano, 89,1% das mais de 10 mil empresas brasileiras utilizaram alguma tecnologia avançada, como análise de big data, computação em nuvem, inteligência artificial, internet das coisas, manufatura aditiva ou robótica, para aprimorar processos e ampliar a produtividade dos trabalhadores. É o que aponta o último levantamento da Pesquisa de Inovação Semestral (PINTEC Semestral) 2024: Indicadores temáticos:Tecnologias digitais avançadas, teletrabalho e cibersegurança, disponibilizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta semana.

De acordo com o relatório, entre 2022 e 2024, houve um crescimento de 163,2% no uso de ferramentas de inteligência artificial para apoiar a administração de processos, a comercialização de produtos e serviços, e o desenho de processos e práticas. Entre os principais objetivos apontados pelas empresas na implementação da IA estão: aumento da eficiência (90,3%), maior flexibilidade para gerenciar metodologias administrativas e organizacionais internamente (89,5%), melhoria no atendimento a clientes e fornecedores (85,6%) e aumento na capacidade de produzir inovação nos negócios (74,7%).

Para o gerente de pesquisas sistemáticas do IBGE, Flávio Peixoto, nos últimos anos, as organizações têm compreendido melhor a importância de jornadas tecnológicas mais amplas, nas quais é possível implementar soluções avançadas paulatinamente, à medida que a base tecnológica se adequa a essas novas soluções. Ainda segundo ele, um dos grandes motores desses avanços técnicos está no uso e desenvolvimento de inteligências artificiais generativas (GenAI), que se tornaram sinônimo de avanço em vários segmentos brasileiros.

“Entre os exemplos de IA em uso estão mineração de dados, reconhecimento de fala e imagem, geração de linguagem natural (NLG), aprendizado de máquina, automação de processos e fluxos de trabalho e, no caso da indústria, manutenção preditiva. Esta última é particularmente relevante: permite prever falhas em processos produtivos, usando IA para a tomada de decisões autônomas e movimentação de máquinas”, explicou o gerente de pesquisas sistemáticas.

A despeito dos avanços, muitas organizações enfrentam obstáculos para continuar suas jornadas de inovação. O relatório do IBGE sublinha que, entre os principais desafios para as empresas brasileiras, estão: os altos custos das soluções tecnológicas (78,6%), a falta de profissionais qualificados (54,2%), os riscos relacionados à segurança e à privacidade (47,2%), a baixa oferta de mão de obra especializada no mercado (46,8%) e a dificuldade cultural de integrar diferentes áreas corporativas, como TI, Vendas e RH (45,1%).

Outro destaque da pesquisa é a queda na oferta de teletrabalho por parte das organizações brasileiras, passando de 47,8% como possibilidade de regime adotado em 2022 para 43%, em 2024. Ainda que tenha sofrido uma diminuição no panorama geral, o home office segue sendo uma alternativa para determinadas áreas, como administração (94,6%), vendas (85%) e desenvolvimento de projetos (66,4%). O estudo conclui que, em média, empresas de maior porte apresentam mais oportunidades no regime de trabalho remoto, embora este não seja praticado de forma unânime entre todos os setores.

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