2 milhões de carros semiautomáticos são convocados em recall da Tesla

Companhia do bilionário Elon Musk pediu o retorno dos automóveis após um relatório apontar o envolvimento da empresa em 70% dos acidentes nos EUA

Oito anos depois da chegada de carros semiautomáticos às ruas, a Tesla, gigante do mercado de automóveis eletrônicos, anunciou o retorno dos modelos inteligentes em todo território estadunidense. A decisão ocorreu após a divulgação de um relatório National Highway Traffic Safety Administration (NHTSA), órgão de fiscalização do trânsito. No ano passado, a companhia de Elon Musk esteve envolvida em 70% dos acidentes automobilísticos em solo americano. Segundo a empresa, o recall de 2 milhões de veículos tem como objetivo aperfeiçoar a tecnologia e melhorar as boas práticas entre motoristas e passageiros.

A investigação do instituto de controle automobilístico começou em 2021 e reuniu dados de todos os estados além das estatísticas de onze montadoras situadas em solo norte-americano. Segundo o relatório, a função de Auto-Pilot, utilizada nas frotas da Tesla na condução de veículos, apresentou defeitos tanto para seguir as normas de trânsito quanto na orientação de comandos para o condutor que fica de prontidão, em caso de pane. Ainda que a empresa do bilionário não seja a única a oferecer automóveis inteligentes, é a líder nessa modalidade com 830 mil veículos em funcionamento, enquanto a General Motors, na segunda posição, dispõe de 34 mil.

A preocupação do órgão da empresa de automóveis, no entanto, não é de hoje. Desde 2016, quando houve o primeiro acidente fatal da corporação, a NHTSA intensificou as investigações sobre a conduta da montadora e estabeleceu novos parâmetros de avaliação. No entanto, apenas no início de 2022 a Tesla tomou uma atitude e realizou seu primeiro recall, de mais de 54 mil veículos. Mesmo em menor escala, o motivo para o chamado foi o mesmo de dezembro: falha no sistema de AutoPilot e baixa resposta do recurso de rolling stop que não obedecia às sinalizações de semáforos.

Atualizações de performance e segurança

Para sanar os problemas de seu sistema, a marca de elétricos promete atualizações e aperfeiçoamentos em seus serviços de carros semiautônomos. Por meio de upgrades remotos (conhecidos como over-the-air), a empresa pretende incorporar controles manuais e alertas complementares durante a experiência de viagem. Sem precisar devolver veículos a fábricas ou revendedoras, a montadora disponibilizará melhorias no sistema do carro visando capacitar motoristas parceiros e aumentar a sua responsabilidade.

A partir dessas mudanças, a Tesla também espera dar um passo adiante no objetivo de oferecer carros 100% autônomos. Por mais que não esteja nos planos futuros da companhia, a montadora acredita que essas atualizações poderão ser a porta de entrada para sistemas mais independentes e capazes de conduzir uma viagem sem nenhuma intervenção humana.

Para Ann Carlson, administradora interina da NHTSA, por mais que essas correções tenham efeito na condução desses veículos, é preciso certo grau de realismo para entender a gravidade da situação. “A tecnologia automatizada é uma grande promessa para melhorar a segurança, mas apenas quando for implementada de forma responsável. Humanos confiam demais nessa tecnologia”, disse a representante. 

Em página da rede social X, antigo Twitter, Elon Musk não se posicionou sobre o recall da empresa de elétricos. Ao invés disso, fez o anúncio da iniciativa Optimus, robô humanoide da Tesla, que promete mimetizar os movimentos e reações dos seres humanos a partir de interações com a Inteligência Artificial e o Aprendizado de Máquina (Machine Learning). Aparentemente, parece que  as preocupações com veículos autônomos ficaram no passado.