Inteligência artificial entra em campo para revelar novos talentos do futebol

Foto: Nilton Wolff/ CC

Por Eric Finger

A tecnologia tem mudado profundamente a forma como o futebol é jogado, analisado e agora, também, como se descobrem novos talentos. Aplicativos que utilizam inteligência artificial têm ganhado espaço no Brasil ao prometer democratizar o acesso de jovens jogadores a olheiros e clubes, tradicionalmente restrito a quem já está inserido no meio esportivo.

Dois exemplos dessa inovação são os aplicativos Cuju e Footbao, que utilizam algoritmos para analisar vídeos enviados por usuários e gerar relatórios técnicos que ajudam a identificar o potencial de cada atleta. Com isso, jovens de qualquer lugar do país, mesmo os que não têm acesso a grandes centros esportivos ou escolinhas, podem ser avaliados por clubes e treinadores.

O Cuju, criado com o apoio de ex-jogadores como Tinga, funciona como uma ponte entre atletas e equipes. Por meio da análise automatizada de vídeos de jogadas e treinos, o app produz uma espécie de “currículo digital” que pode ser acessado por olheiros de todo o Brasil. A ideia é romper barreiras sociais e geográficas, permitindo que o talento fale mais alto do que o networking.

Já o Footbao aposta em uma experiência ainda mais interativa. O aplicativo oferece desafios técnicos e provas práticas que os jogadores podem gravar e enviar diretamente pela plataforma. A inteligência artificial analisa os movimentos com base em critérios como precisão, velocidade, controle de bola e tomada de decisão. A startup tem parcerias com clubes e centros de treinamento, que recebem esses relatórios para uma avaliação mais eficiente e objetiva.

O uso da IA nesses aplicativos vai além da avaliação técnica. Ela também serve como filtro para identificar perfis compatíveis com diferentes estilos de jogo, permitindo que clubes encontrem atletas com características específicas de forma mais rápida, algo que seria inviável apenas com observação de um olheiro.

Especialistas avaliam que esse tipo de tecnologia pode ter um impacto profundo no futebol brasileiro, tradicional celeiro de craques, mas ainda carente de estrutura para captar e desenvolver talentos de forma equitativa. Com a IA, cresce a chance de jovens promessas deixarem o anonimato e seguirem carreira profissional, independentemente de onde vieram.